O início dessa história toda, parte 2

Com alguns cliques garantidos no sábado de manhã, voltamos para a pousada, para almoçar, conversar e rever as fotos do dia e planejar nosso domingo. Havia uma grande possibilidade de que o tempo firmasse e o sol brilhasse forte e ficamos muito animados.

Antes de viajarmos, eu havia planejado alguns passeios e roteiros que talvez fossem interessantes para Jess fotografar com diferentes biquinis mas eu havia descoberto um local especial que poderíamos usar para fazer algo mais artístico, voltado para a nudez. Seria o primeiro trabalho de nu que eu faria na vida. Jess já havia concordado, mas nada do que imaginássemos chegaria perto do que conseguiríamos fazer.

Terminamos o almoço, ouvimos diversas músicas - eu revelei que tenho uma admiração inacreditável para um roqueiro, a música “Temporal, do grupo Art Popular”, que tem uma melodia lindíssima e uma letra poderosa demais para ser ignorada - e conversamos a ponto de nos conhecermos muito mais. Nossos corações estavam no lugar certo, nossas histórias se conectavam e, embora nossos mundos tivessem sido bem diferentes, se uniam no mesmo intuito, o de produzir coisas belas e impactantes juntos.

A tarde havia chegado e a noite se aproximava. Passamos horas conversando na varanda da pousada e decidimos descer novamente ao deque para tomar umas cervejas e continuar o papo. Lucas sempre muito solicito me ajudou com vídeos e fotos, segurando o rebatedor para refletir a luz do sol alaranjado que cruzava o mar em um contra-luz dourado maravilhoso demais para ser desperdiçado. Tudo incrível e lindo, como tem que ser. “Mas amanhã de manhã, bem cedo, vamos até uma praia secreta, isolada, para tentarmos explorar um pouco de nu artístico” - eu disse, e todos se animaram.

Acordamos realmente muito cedo: por volta das 5h eu já estava de pé, preparando o café enquanto Jess e Lucas começavam a se preparar para sair. Em 30 minutos, nos aprontamos. Equipamento na mochila, roupas, biquinis e acessórios na sacola de praia e chinelos nos pés. Faríamos uma pequena viagem até a região norte da ilha, para começar o ensaio fotografando ao nascer do sol. Ao chegarmos, por volta das 6h, após seguirmos por uma trilha estreita - e cheia de mosquitos! - com um tímido riacho que dançava entre pequenas rochas e mata nativa, chegamos a um dos cenários mais inacreditáveis que eu já havia visto: Pacuíba, o paraíso em Ilhabela!

O sol mal tinha saltado para fora do mar, porém já havia pintado todas as folhagens, rochas, ondas, areia e a nós 3 de um tom amarelo cor-de-ouro e nós passamos a correr ao invés de caminhar dando gritos de alegria e emoção! O visual era impressionante e diferente de tudo o que eu vi na vida: uma faixa de areia que surgia depois da mata, percorria alguns metros e dava de frente para o mar, com ondas que batiam na altura da cintura e a mais absoluta paz. O cenário tão perfeito que me fez sacar imediatamente a câmera da mochila e já pedir para que Jess entrasse no mar para não perdermos nenhum segundo. Estávamos completamente sós!

Eu estava tão empolgado, que cometi alguns erros inocentes em algumas fotos - coisa técnica, não preciso mencionar aqui - mas nada que atrapalhasse nossa experiência. Jess caminhava na água de biquini, Lucas trazia o rebatedor com a película dourada para ajudar, fazia vídeos e dava algumas dicas de poses e movimentos ao mesmo tempo (um auxiliar dedicado, muito competente e com um olhar artístico extraordinário) e eu morrendo de emoção por dentro, mas com a câmera firme nas mãos. Ali eu decidi o que eu queria fazer para o resto da minha vida: fotografar a experiência, a liberdade, a pureza, a força, a exuberância, a beleza, a coragem e a audácia de uma pessoa descobrindo a si mesma numa jornada artística que somente um ensaio sensual ou nu artístico podem trazer.

Eu não sei se posso dizer isso aqui e também já peço desculpas pelo longo texto, mas não consigo imaginar se eu um dia terei outra vez a possibilidade de ter uma experiência tão linda como tive como fotógrafo nesse dia. Ainda é um sentimento indescritível que tenho lembrando disso. É impossível traduzir. No primeiro ensaio nu, eu jurei fazer isso parte da minha fotografia, da minha arte, e das pessoas com quem eu viesse a trabalhar. Jess e Lucas, vocês são os responsáveis por me dar essa oportunidade raríssima de fazer algo inovador, não somente para minha carreira, sem dúvidas, mas também para minha humanidade. Serei eternamente grato a ambos por terem me permitido redescobrir meu papel nesse mundo e eu nunca esquecerei o “Paraíso em Ilhabela”. Voltaremos lá em breve, amigos queridos!

Ainda há muito o que contar dessa história, mas agora, vou encerrá-la por aqui. Esse ano teremos muitas surpresas. :)

Por enquanto é só!

Um abraço e até a próxima! :)

Maldito Jack

Fotógrafo em São Paulo, Brasil

https://jackfotografia.com
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