Fotografia de celular

Se você já me conhece ou leu minha bio em algum lugar, deve saber que eu comecei na fotografia usando meu smartphone. Bom, até antes disso, na verdade. Um Samsung X660 foi meu primeiro contato com um aparelho que tirava fotos e eu adorava experimentar com ele. Foi uma das primeiras oportunidades que tive de abraçar a criatividade fotográfica, lá por volta do início do milênio (2008, talvez). Infelizmente, nenhuma foto dessa época sobrou…

Desde então, com o celular sempre à mão, fotografar tem sido uma aventura incrível e, antes mesmo de comprar minha primeira câmera, eu sempre procurei os smartphones com boas câmeras para me dar a liberdade e o controle do que eu estava fazendo, ainda que de forma amadora. O que eu sempre faço antes de trocar de aparelho é ler o manual da câmera no site do fabricante e procurar por reviews que façam testes e provas da câmera para que minha decisão seja a mais adequada ao que procuro, porque eu preciso ter boas fotos, mesmo no celular.

Sim, todas as fotos acima foram tiradas num smartphone, entre 2023 e 2024, um Xiaomi MI Note 10 que eu ainda uso até hoje. Algumas pessoas se espantam quando observam trabalhos feitos em celular e alguns fotógrafos chegam à ousadia de dizer que “fotografia de celular não é fotografia de verdade” - o que é uma observação muito incorreta. Em outro momento posso até entrar na filosofia do que eu considero fotografia, mas hoje vou arranhar apenas a superfície. Para simplificar, fotografia é o registro de uma imagem. Não importa o tamanho, a quantidade de megapixels, a qualidade imagética, o design… Se você tem uma câmera e você “clica”, você está fotografando.

A surpresa da maioria das pessoas vem do desconhecimento do aparelho que elas tem nas mãos. A câmera vem configurada no modo automático, que é o mais simples e faz tudo por padrão, porém, a maioria dos smartphones hoje tem câmeras muito potentes - mais do que algumas pequenas câmeras de 20 anos atrás - e que precisa de um pouco mais de experiência para usar. Não é um bicho de sete cabeças e dá para fazer muita coisa com os modos pré-definidos, a diferença mesmo é saber o que se quer fazer, como fazer e porque fazer.

Um momento especial, uma festa de aniversário, uma flor bonita, um passeio com o cachorro, shows (gente, sério, fotografem os shows ao invés de fazer milhares de stories no Instagram e guardem as fotos numa pasta própria, vale muito mais à pena - tudo isso pode ser fotografado com celular, mas aí mora a tentação de fazer o mais simples e imediato: apenas abrir a câmera, apertar o botão de disparo sem refletir em mais nada e guardar o aparelho no bolso de novo. Isso quando não se usa direto a câmera de certos apps como Whatsapp e Instagram, que tem uma configuração tecnológica muito inferior ao do próprio aparelho.

Clicar sem pensar ou prestar atenção a outros detalhes é uma armadilha para fotos aleatórias e que não perduram, não tem emoção e não fazem sentido na galeria do seu celular, são descartáveis. Essa fotografia tem um sentido mais imediatista, digamos. A famigerada “selfie” é um produto dessa fotografia mais relaxada, mais prática e menos cuidadosa.

Se o objetivo for fazer uma boa foto com celular, aquela que chama atenção e que você admira por anos, é necessário antes estudar um pouquinho as configurações da câmera nativa do aparelho. É interessante também ter o mínimo de conhecimento básico de composição, enquadramento, ângulos, luz, edição, mas nada disso é mandatório. Ter conhecimento da câmera do aparelho já é metade do caminho.

Aprender a fotografar primeiro com os olhos é uma boa prática para qualquer fotógrafo, com qualquer câmera. O que observamos, o que queremos que outros observem - e o contrário disso também - compõe um fator importante no aprendizado e, na minha opinião, qualquer pessoa com uma câmera hoje, ali, no bolso, pode e deve aprender a fotografar com seu próprio aparelho, até para fazer selfies.

Ficar preso a filtros de Instagram, efeitos pré concebidos, atrasa as possibilidades artísticas que qualquer pessoa hoje em dia tem potencial para desenvolver. Pessoas que eu conheço, com celulares muito superiores ao meu, deixando a câmera no modo automático e clicando a esmo, fazendo fotos de momentos importantes, às vezes, que poderiam ter um cuidado melhor e, até mesmo, virarem um álbum impresso, bonito e com um significado muito maior do que uma coleção de fotos sem sentido numa galeria do celular, dentro de um bolso vazio.

Esse texto é bem simplista e nada didático, eu sei, mas pretendo fazer um pequeno guia de fotografia de celular em outro momento, para os que tem interesse em fotografar e não conseguiram ainda comprar uma câmera. É muito mais fácil do que você imagina!

Por enquanto é só!

Um abraço e até a próxima! :)

Maldito Jack

Fotógrafo em São Paulo, Brasil

https://jackfotografia.com
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